Compostos da Cannabis: Além do THC 🧬

Ok, tentei escrever este artigo num estilo diferente dos outros. Alguns testes A/B. Este é mais comprido e inclina-se mais para um artigo de estilo referenciado. Se te aborreceste porque te aborreceste, é bom saber que tudo ajuda.

"Que percentagem é essa?" A obsessão do THC

"Que percentagem é essa?" é provavelmente uma das frases mais comuns que se ouve quando se fala de canábis. É uma forma abreviada de perguntar quanto THC existe na sua erva, o composto psicoativo mais abundante da canábis.

Durante anos, pensei da mesma forma, o que é justo. Quanto maior for a percentagem de THC, melhor é a erva, certo?

Não.

A analogia do álcool

Então, como é que as bebidas diferem tanto em termos de sabor, cheiro, aspeto, textura e efeito que têm em si? Tem tudo a ver com os outros ingredientes e a forma como interagem.

A canábis funciona da mesma forma. Concentrarmo-nos apenas no THC é como julgar um livro pela capa. Está a perder a história mais profunda que está lá dentro.

Pense nas variações de sabor e aroma da canábis como as diferenças que encontra entre vários tipos de cerveja. Tal como as cervejas podem variar entre lagers crocantes e subtis, IPAs com lúpulo ou stouts escuras e robustas, as variedades de canábis oferecem um espetro de sabores e odores moldados pela sua perfis terpénicos únicos.

Estes terpenos, que se encontram tanto no lúpulo (utilizado na cerveja) como na canábis, criam notas que podem ser cítricas, de pinho, terrosas, skunky ou frutadas.

Essa história é em grande parte sobre os terpenos, compostos aromáticos que dão à canábis os seus sabores e cheiros únicos. Mas os terpenos fazem mais do que apenas cheirar bem; interagem com o THC e outros canabinóides para moldar os efeitos gerais, um fenómeno conhecido como efeito de comitiva.

Vamos investigar essa história. E acreditem, há aqui alguma ciência fascinante.

Mas antes de começarmos, vamos esclarecer uma coisa: Não sou médico. Por favor, não aceites conselhos médicos da minha parte. Se pretende utilizar a canábis para tratar um problema de saúde, consulte um profissional de saúde. Sou apenas um tipo que gosta de educar as pessoas sobre a canábis. Yuppp o C-Bar Beatz rapaz 🕊 Ándale Ándale!

Preparar o cenário - Saber o que se está a consumir

Quer já seja um consumidor de canábis ou esteja a pensar experimentá-la pela primeira vez, é muito importante saber o que está a consumir.

Talvez esteja a planear uma noite descontraída com o seu parceiro, pizza caseira, um copo de vinho e um bom filme. Ou talvez esteja a preparar-se para uma caminhada com os amigos, seguida de um mergulho no mar e de comida a seguir. Seja qual for a situação, o tipo de canábis que utiliza é importante.

As diferentes estirpes têm efeitos diferentes no seu corpo e na sua mente. Compreender estes efeitos ajuda-o a navegar na sua experiência de forma responsável. Quanto mais puderes adaptar a tua experiência à tua situação, melhor. Não se trata de uma planta de tamanho único. Compreender os diferentes compostos da canábis ajudá-lo-á a fazer escolhas mais informadas e a evitar potenciais efeitos secundários negativos.

Muitas das más experiências com canábis acontecem porque as pessoas não sabem o que estão a consumir nem a quantidade. É como beber uma garrafa de vodka sem saber o que esperar. Conhecimento é poder, por isso aqui está o teu conhecimento x

Existem três tipos principais de plantas de canábis que pode consumir: sativa, indica e híbridas.

Sativa As estirpes são conhecidas pelas suas propriedades energizantes e estimulantes

Indica As variedades são conhecidas pelas suas qualidades relaxantes e sedativas

Para além disso, a maioria das variedades de canábis actuais são híbridasA hibridação é uma combinação de caraterísticas da sativa e da indica para criar plantas com efeitos personalizados e sabores melhorados. Esta hibridação permite aos produtores satisfazer as diversas necessidades dos consumidores, combinando os efeitos estimulantes da sativa com as propriedades calmantes da indica. Como resultado, as variedades puras de sativa ou indica são agora raras, com os híbridos dominam o mercado da canábis Compreender o que se está a consumir torna-se quase impossível, a não ser que se compre a retalhistas licenciados que forneçam uma análise detalhada dos canabinóides e terpenos dos seus produtos.

A flor/botão destas diferentes variedades de canábis são todas constituídas por centenas de canabinóides e centenas de substâncias químicas não canabinóides. Quer se trate de uma sativa, de uma indica ou de uma híbrida, todas elas são constituídas por diferentes variações destes compostos.

Vou decompor estes compostos para si.

As personagens da nossa história

Penso que já ouviu falar de THC e CBD no que diz respeito à canábis. Para um ser humano em geral (seja lá o que for que um ser humano em geral englobe), isso é o máximo que se pode fazer

Pense na canábis como uma banda.

Tem os seus vocalistas principais, THC e CBD. Mas nenhuma grande banda está completa sem o resto da equipa: os canabinóides menores, os terpenos e os flavonóides.

Vamos conhecer a banda.

Os principais compostos da Cannabis

Canabinóides principais (Cantores)

O que são canabinóides?

Os canabinóides são compostos químicos naturais que se encontram principalmente na planta da canábis. Falamos sobre estes compostos na secção sistema endocanabinóide.

O THC e o CBD são os dois compostos mais abundantes encontrados na canábis. Vejamos rapidamente o que são e o que fazem.

THC = Delta-9-tetrahidrocanabinol

O composto estrela da canábis. O homem do espetáculo, odiado, adorado, nunca ignorado. Nome da certidão de nascimento Delta-9-tetrahidrocanabinol. O THC é o principal composto psicoativo da canábis e também o composto mais abundante encontrado na planta. Tem sido amplamente estudado em animais e seres humanos.

Lembra-se da referência à percentagem de que falámos acima? "Qual é a percentagem desse homem?" Bem, isto refere-se ao THC. Então, o que é que ele é?

O THC é um canabinóide. Um fitocanabinóide, para ser exato, o que significa que provém de uma planta. É produzido no tricomas glandulares da planta através de um alelo (o alelo existe nos genes) (1). Quando consumida, é absorvida pela corrente sanguínea, onde percorre o nosso cérebro, fixando-se nos receptores que ocorrem naturalmente em todo o nosso corpo.

Foi isolado pela primeira vez da planta de canábis em 1964 pelo professor Mechoulam (2).

Quando pensamos em THC, estamos frequentemente a pensar na mente. A experiência psicoactiva que temos com ele.

O "alto".

Então, como é que isso nos afecta mentalmente?

Quando ingerido, o THC liga-se aos receptores CB1 localizados no cérebro. Quando o THC se liga aos receptores CB1 no cérebro, interrompe a comunicação habitual entre os neurónios. Em circunstâncias normais, os neurónios utilizam mensageiros químicos, denominados neurotransmissores, para transmitir informações através de pequenos espaços conhecidos como sinapses.

Estes neurotransmissores incluem coisas como a dopamina (que influencia o prazer e a recompensa), o GABA (que acalma as coisas) e o glutamato (que estimula a atividade). Os receptores CB1 situam-se no lado emissor dessa sinapse e actuam como botões de volume, ajudando a regular a quantidade de cada neurotransmissor que é libertada.

Mas quando o THC ativa estes receptores, ele desequilibra a balança. Pode reduzir a libertação de GABA, que normalmente ajuda a inibir a hiperatividade, fazendo com que as coisas pareçam mais intensas. Também aumenta a dopamina, levando a sentimentos de euforia. E interfere com o glutamato, que afecta a memória, a concentração e a perceção.

O resultado é uma espécie de remix neural, algumas partes do cérebro ficam mais altas, outras mais baixas, e ficamos com um estado a que chamamos ser elevado.

Poderia tentar explicar como interage com todas as diferentes partes do cérebro, mas estaríamos aqui durante algum tempo e poderia perder facilmente o interesse. E nós não queremos isso. Quero os vossos olhos colados a este ecrã, por favor. Não vão para o exterior, não socializem com ninguém, fiquem dentro de casa, olhem para o ecrã e dêem-me toda a vossa atenção. Obrigado.

Por isso, em baixo, há uma bela imagem para vos dar uma ideia aproximada de como interage com as várias partes do nosso cérebro. Vamos às imagens!

Fonte: American Psychological Association (2023) - Referência [3]

O THC e o nosso ciclo de sono é uma questão interessante. Sou fascinado pelo sono. O livro de Matthew Walker "Porque dormimos" é obrigatório se tiveres curiosidade sobre este tema. O sono é literalmente a maior mudança de jogo/superdroga que existe, juro por Deus. Se queres mudar a forma como te sentes no dia a dia, dorme as tuas 8 horas. Há também um ótimo artigo de Danielle Pacheco sobre a forma como a canábis é utilizada pelos seres humanos para dormir. Descreve os riscos e os benefícios envolvidos. Penso que é realmente importante saber o que se está a consumir e porquê, para colher os benefícios do consumo de canábis.

Informações interessantes abaixo:

O hipocampo. O hipocampo é importante para a aprendizagem e a memória. Nos consumidores de cannabis a longo prazo, a capacidade/volume do hipocampo é reduzida (4). O que significa que não tens tanta capacidade disponível para o teu hipocampo fazer o seu trabalho. Podemos ver que tanto o volume do hipocampo como a neuroquímica são reduzidos ao máximo nos utilizadores expostos ao THC sem CBD (5). Este facto é visto como negativo e é-o.

Assim, foi demonstrado que o THC aumenta o sono NREM e diminui o sono REM, respetivamente. O que é que isso significa? Bem, o sono REM é importante para sonhar, processar emoções e criar novas memórias. Portanto, reduzir esta capacidade é mau, certo? Quanto menos fores capaz de processar emoções e criar novas memórias não é bom...

Sim, mas por vezes não 🤔

Vejamos o caso dos doentes com PTSD que acordam com terrores noturnos. O sono REM permite que estes terrores noturnos surjam durante o ciclo de sono, uma vez que O sono REM é onde o sonho acontece. Sonham, mas sonham com as situações mais horríveis que viveram na vida.

De seguida, tomam um pouco de cannabis.

A cannabis entra no sistema e o sono REM é interrompido. A redução do sono REM pára o volume dos terrores noturnos e permite que os doentes desfrutem de uma noite inteira de sono sem interrupções (5). Assim, podemos ver que, à primeira vista, o THC está a atuar negativamente ao interromper o sono REM, mas na realidade, para certos doentes, é um enorme fator positivo. Isto não começa e acaba nos doentes com PTSD.

Foi demonstrado que uma dose baixa de THC reduz a latência do início do sono e está associada a uma maior facilidade em adormecer, a um aumento do sono de ondas lentas e a um aumento do tempo total de sono. (6) Muitos doentes oncológicos utilizam doses elevadas de THC para combater as náuseas provocadas pela quimioterapia e para os ajudar a recuperar o apetite. (7)

As pessoas com dor crónica e esclerose múltipla também podem utilizar a canábis para melhorar o sono. Espero que isto possa ajudar a perceber a necessidade de sabermos o que estamos a consumir e porquê. Há muitos aspectos que funcionam de formas diferentes. Existe um enorme potencial para utilizar esta planta para obter resultados positivos na vida das pessoas. Tenho a certeza disso. Só temos de estar mais informados sobre o assunto.

O THC dá às pessoas uma sensação de euforia, a "moca" de que falámos. Altera a tua realidade. A vida começa a parecer um pouco mais leve. O mundo parece um pouco mais divertido. Aumenta os sentidos. Ouvir música pode ser mais agradável. A comida pode ter um sabor fantástico. A libido pode aumentar. O limite da nossa vida "séria" pode ser retirado se for consumido corretamente.

De um modo geral, a potência da matéria-prima vegetal da canábis ilícita (THC) tem vindo a aumentar de forma consistente ao longo do tempo desde 1995, passando de cerca de 4% em 1995 para aproximadamente 12% em 2014. É de notar que o nível de THC tem vindo a aumentar de ano para ano e segue a ideia de que mais é melhor.

Como em muitos casos, esta não é a melhor maneira de ver as coisas. Pode vender para as massas, mas se estiver interessado em ver realmente do que se trata a fábrica, não vá atrás de números.

É uma mistura de vários compostos que o ajudarão a desfrutar desta planta o mais possível. Provavelmente pareço um disco riscado e, se já leu isto, é justo. A única coisa que quero que retires deste artigo é...

Se está realmente interessado em ver como a canábis pode ser uma pequena parte da sua vida, ouça o que lhe digo. É preciso compreender que tipo de planta se está a tomar e em que situação se pretende consumi-la.

Se estiver interessado em experimentar a canábis, começam com níveis muito mais baixos de THC. Não vale a pena adquirir algo tão forte que nunca foi suposto ser tão forte como é agora.

Todos nós já fizemos isso, então é a situação do pote chamado chaleira preta, mas você sairia e esmagaria um litro de vodka como sua maneira de consumir álcool ...? 😶😶😶

Está bem, talvez nos primeiros anos seja mais frequente, mas nunca acaba muito bem. Tente ser inteligente ao consumir canábis. Comece devagar e avance a partir daí. Se vai experimentar, mais vale tentar evitar ao máximo os efeitos negativos que pode ter, sim?

CBD = Cannabidiol

O CBD (Cannabidoil) é o irmão bem respeitado do THC. Com notas altas, licenciados, 9-5, família feliz, nunca causam problemas. Têm as suas merdas controladas.

O CBD é o segundo composto mais abundante na canábis (8). É um composto não psicoativo e não intoxicante. Não altera a nossa forma de pensar. Não nos deixa pedrados. Funciona em segundo plano. O CBD é extraído principalmente da planta do cânhamo, uma vez que o cânhamo contém muito mais CBD e pouco ou nenhum THC (9).

Como é que funciona?

O CBD entra em nós e tem uma baixa afinidade de ligação para os receptores canabinóides, mas uma forte afinidade para os receptores de serotonina. O CBD tem uma forte afinidade para Receptores de serotonina 5-HT1Aque estão envolvidos na regulação do humor e na redução da ansiedade. Estudos (Russo, 2005) (10) mostram que a interação do CBD com as vias da serotonina contribui para os seus efeitos ansiolíticos e antidepressivos.

Penso que esta é uma das informações mais interessantes com que me deparei até à data.

Uma compreensão do sistema endocanabinóide ajudaria muito neste caso.

Assim, o nosso corpo produz os seus próprios canabinóides naturais para ajudar no funcionamento geral da nossa existência. Agora, estes canabinóides não têm um botão de desligar, por isso as nossas enzimas entram em ação para os degradar e limpar. É um ciclo que está a acontecer continuamente dentro de si neste momento.

Então, como é que o CBD entra em jogo aqui?

Bem, quando consome CBD, diz às suas enzimas para pararem de fazer o seu trabalho. Assim, param de degradar os canabinóides que ocorrem naturalmente dentro de si. Isto permite a produção de mais canabinóides que circulam dentro de si. O seu corpo produz mais canabinóides naturais, como a anandamida. A anandamida é muitas vezes chamada de molécula da felicidade porque ajuda a regular o humor, a dor e o equilíbrio do corpo.

Isso, por si só, já é um facto interessante.

Mais uma vez, o CBD é um canabinóide. Um fitocanabinóide, para ser exato, o que significa que provém de uma planta. Repita o processo para tudo o que estiver dentro da família dos canabinóides principais/minoritários. O CBD está a ser utilizado no sector médico para uma grande variedade de condições e doenças. Falo mais sobre este assunto na secção utilizações médicas da canábis.

É o segundo composto mais abundante encontrado na canábis. Então, o que é que ele faz?

A investigação clínica sobre o CBD mostrou resultados promissores em áreas como ansiedade, dependência, psicose, perturbações do movimento e dor. Mas o problema é que ainda não existem provas suficientes de alta qualidade para afirmar conclusivamente que é eficaz para a maioria destas doenças.

Agora, pode estar a pensar: "Então, não está apenas a especular e a falar do seu próprio rabo?" É uma pergunta justa. Deixem-me explicar.

Tornámos quase impossível o estudo adequado desta planta. Décadas de leis, regulamentos e classificação em listas restritivas de drogas impediram os investigadores de obter aprovação para estudar a canábis. Não é que a ciência não tenha conseguido provar que a canábis funciona, é que a ciência não foi autorizada a tentar.

E se estamos todos sentados com os nossos chapéus de alumínio, a perguntar porquê que foi tão fortemente restringido, eis o que eu lançaria no ringue:

A canábis não se enquadra facilmente nesse modelo. Pelo menos, não se encaixava. Durante anos, não foi possível patentear ou comercializar a planta inteira da mesma forma. Por isso, do ponto de vista do lucro, não era conveniente.

E agora? As grandes empresas farmacêuticas estão a intervir lentamente, decompondo a canábis, isolando canabinóides individuais como o CBD, o CBN e o THCV, sintetizando-os e transformando-os em produtos bem embalados. Assim, até a canábis está a começar a tornar-se A, B, C, D.

E depois há a parte mais negra da história. A proibição da canábis não era apenas uma questão de medicina, era um instrumento político e racial. Visava as comunidades negras e latinas. Ajudou a alimentar o crescimento das prisões privadas. As leis severas contra a droga mantiveram as pessoas presas enquanto as empresas lucravam com o encarceramento.

Portanto, sim. Dinheiro, poder, controlo. Nunca pára realmente.

Tirei o chapéu de alumínio, mas por pouco.

Agora, voltando ao CBD, o que está a fazer e os estudos que estão a ser realizados atualmente.

Uma vez que as leis estão a ser flexibilizadas e podemos agora realizar estudos, as conclusões são, no mínimo, interessantes.

No que diz respeito ao CBD e ao sono, muitos estudos associaram o CBD a um tratamento eficaz para a ansiedade. A redução dos pensamentos que temos antes de dormir e que nos podem manter acordados, a mexer e a revirar, pode ajudar-nos a adormecer. (11).

Foi efectuado um ensaio aberto de 12 semanas com CBD, para verificar se o CBD pode ser um tratamento eficaz para a ansiedade. O CBD foi administrado em doses crescentes entre 200 mg e 800 mg por dia a jovens com perturbações de ansiedade (n = 31) que anteriormente não tinham respondido ao tratamento padrão. A gravidade da ansiedade melhorou significativamente após a intervenção de 12 semanas com CBD adjuvante. Doze de 30 (40%) participantes tiveram uma redução de pelo menos 50% nas pontuações da Escala Global de Gravidade e Comprometimento da Ansiedade (OASIS) na semana 12, e 18 de 30 participantes tiveram uma redução de pelo menos 33%. Vinte e seis (86.7%) de 30 participantes apresentaram uma melhoria clínica global significativa à semana 12 (12).

Além disso, existem estudos interessantes, incluindo um estudo em curso patrocinado por Staci Gruber Ph.D. Trata-se de um estudo aberto e duplamente cego que avalia os efeitos do canabidiol (CBD) no tratamento da ansiedade em adultos. Será interessante ver os resultados de experiências como esta em 2025.

Podemos ver que o CBD está fortemente ligado às propriedades terapêuticas da canábis. Como mencionado, é discutido nos usos médicos da canábis.

Já falámos dos dois principais canabinóides da canábis. Os dois compostos de que já ouviu falar. É só isso que acaba? É só isso que procuramos quando consumimos canábis?

Não, não é. Deixem-me apresentar-vos os rapazes da bateria, baixo e guitarra. Já tivemos os nossos cantores principais. Vamos apresentar o resto da banda, a equipa de produção e todos os que ajudam na fazer de uma banda uma banda.

Canabinóides menores (Guitarra eléctrica)

Os canabinóides menores são exatamente como os canabinóides maiores. A mesma coisa, apenas menos abundante na planta. Os canabinóides principais são o THC e o CBD, os restantes são canabinóides secundários.

Existem mais de 100 canabinóides diferentes na canábis. Existem quantidades menores destes canabinóides específicos na canábis em comparação com os nossos canabinóides principais.

A maior parte da investigação científica foi efectuada sobre as chamadas "Seis Grandes". Também conhecidos como os Sixicans, uma banda mariachi composta por THC, CBD, CBG, CBN, CBC e THCV. A banda anda de cidade em cidade a tocar músicas e a cantar os louvores da canábis. Vou falar sobre os restantes 4 dos Sixicans.

THCV = Tetrahidrocanabivarina

O THCV é um composto ligeiramente psicoativo encontrado na canábis. É estruturalmente semelhante ao THC, mas tem efeitos diferentes. A razão pela qual a investigação sobre o THCV se tem centrado tem sobretudo a ver com o seu propriedades de supressão do apetite. (13)

Se alguém já consumiu canábis e, em particular, canábis com THC, fica com aquilo a que se chama "larica". O apetite aumenta e aquele buraco sem fim que é o nosso estômago abre-se. A comida pode ter um sabor fantástico, mas consumimos definitivamente mais do que o necessário quando estamos pedrados. O que o THCV tem demonstrado fazer é diminuir o apetite, aumentar a saciedade e regular o metabolismo energético, o que lhe valeu a alcunha de "erva da dieta".

Por isso, pode suprimir o apetite e ajudar a metabolizar o que já comemos. Isso é muito doentio. É preciso notar que não se trata apenas de uma troca direta pelo THC, o THCV é não é tão psicoativo como o THC.

Para além disso, também ajuda a regular o açúcar no sangue, a ansiedade, a saúde óssea, a energia e a concentração, (13)

CBG = Cannabigerol

O CBG é um composto não psicoativo e não intoxicante como o CBD. Estudos recentes sobre o CBG estão a revelar algumas utilizações interessantes para este canabinóide em particular. Os primeiros resultados revelaram que o CBG tem efeitos ansiolíticos e antidepressivos. Ethan Russo, M.D., conduziu um estudo com a ajuda dos seus colegas para investigar os efeitos agudos do CBG na ansiedade, stress e humor. Os objectivos secundários consistiam em avaliar os efeitos subjectivos da droga (intoxicação, efeito da droga, gosto pela droga), os potenciais efeitos secundários (olhos secos, boca seca, sonolência, apetite, coração acelerado/palpitações cardíacas), bem como determinar se o CBG produz deficiências motoras ou cognitivas. (14)

O que concluíram do estudo foi que os resultados do ensaio de campo cruzado, em dupla ocultação e controlado por placebo indicaram que 20 mg de CBG derivado do cânhamo reduzem as classificações subjectivas de ansiedade e stress em adultos saudáveis consumidores de canábis, na ausência de perturbações motoras ou cognitivas, intoxicação ou outros efeitos subjectivos da droga (por exemplo, palpitações cardíacas, boca seca).

Parece que o CBG pode ser utilizado em adultos para reduzir o stress e a ansiedade sem os efeitos secundários que podem advir de outros canabinóides. Começos positivos.

Então, qual é a diferença entre algo como o CBD e o CBG? Muita e pouca.

É extremamente semelhante ao CBD, mas com certas caraterísticas distintas. O CBG interage de forma única com os adrenoceptores α-2 e a 5-hidroxitriptamina (5-HT1A) (14). Isto ajuda nas respostas fisiológicas aos factores de stress que experimentamos. Se ficar stressado e ansioso, o que é que o CBG faz? O CBG procura parar o pico da frequência cardíaca ou do sangue, eliminando a progressão do estado de stress ou ansiedade.

Dr. Jim Connell fala sobre o CBG no seu podcast e oferece uma visão interessante. Ele fala sobre o facto de o CBG ter propriedades aditivas em relação ao THC e ao CBD. Normalmente, quando consumimos canábis, o CBD atenua os efeitos desejados que procuramos obter do THC. Por isso, subjuga-o um pouco. O que o CBG faz é não fazer isso. Não subjuga o THC. Continua a permitir que o THC faça o seu trabalho na íntegra, ao mesmo tempo que faz o que o CBD faz melhor. Isto pode ser útil em certos contextos.

CBN = Cannabinol

A CBN foi, de facto, o primeiro canabinóide a ser extraído da canábis no final do século XIX. É a época de 1800 (15). Nunca percebi porque é que é o século XIX mas os anos começam com 18 qualquer coisa. O cérebro não consegue calcular, não me parece correto, de qualquer forma.

O CBN é um composto ligeiramente psicoativo produzido na canábis. Pode ser visto como uma versão canabinóide menos potente do THC. Na verdade, é um produto da oxidação do THC (16). É criado quando as moléculas de THC se degradam à medida que a canábis envelhece, especialmente quando exposta ao calor, à luz e ao oxigénio. É cerca de 25% tão potente como o THC em termos de propriedades psicoactivas (17)

O CBN tem uma maior seletividade para os receptores CB2, que estão principalmente associados à função imunitária.

Os primeiros estudos revelam que pode ser útil para ajudar a dormir, para aliviar a dor e que tem propriedades neuroprotectoras e efeitos anti-inflamatórios. Um estudo de 2005 descobriu que o CBN pode ajudar a retardar o aparecimento da esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença que afecta as células do cérebro e da medula espinal.

Mais uma vez, são necessários mais estudos para aprofundar a validade destes resultados iniciais promissores

CBC = Cannabichromene

O canabicromeno (CBC) é um canabinóide não psicoativo e não intoxicante presente na canábis que oferece vários benefícios terapêuticos potenciais.

Ativa o recetor CB2, que está associado à função imunitária e à resposta à inflamação (18). O CBC não interage significativamente com os receptores CB1, que são os principais responsáveis pelos efeitos psicoactivos.

Os primeiros estudos revelaram que o CBC tem vários efeitos benéficos, tais como propriedades anti-inflamatórias, alívio da dor, neuroprotecção, efeitos antibacterianos, tratamento do acne e potenciais propriedades anticancerígenas. Verificou-se que o CBC é um dos canabinóides mais potentes na inibição do crescimento de novas células cancerígenas, perdendo apenas para o CBG em alguns estudos. O CBC pode aumentar os níveis de anandamida, um endocanabinóide, no corpo. Foi demonstrado que a anandamida combate o cancro da mama em estudos in vitro e in vivo (19).

O CBC parece atuar em sinergia com outros canabinóides, reforçando os seus efeitos terapêuticos através do efeito de comitiva. Quando combinado com o THC, o CBC pode aumentar as suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas (20)

Esta é alguma informação sobre os canabinóides menores. Não é nada de sexy e duvido que esta informação seja útil, mas deve começar a ajudar-te a compreender quantos compostos diferentes existem na canábis.

Passemos aos terpenos.

Terpenos (Bateria)

Fonte: CBD Alchemy - Guia de Terpenos de Cannabis

Estes pequenos amigos vão ser muito importantes nas próximas décadas para compreendermos o que esta planta nos pode fazer.

Os terpenos são compostos orgânicos aromáticos encontrado em praticamente todos os tipos de plantasincluindo a canábis.

São responsáveis pelos sabores e aromas únicos das plantas (21). Os terpenos encontram-se nas laranjas, limões, legumes, especiarias, mangas, manjericão, canela, lúpulo, etc. Estas substâncias químicas naturais são produzidas nos tricomas das nossas plantas de canábis. Os terpenos contribuem para significativamente para a caraterística distintiva da planta aroma, sabor e potenciais efeitos terapêuticos.

Vê como pus em negrito um número significativo. Quero que compreenda que os terpenos da canábis desempenham um papel importante no que obtém desta planta. O meu palpite é que, dentro de 20/30 anos, o portfólio de terpenos de cada planta de canábis será o que o consumidor procurará antes de comprar um pouco da alface do diabo. Ajudará o consumidor a compreender o que vai obter de uma determinada variedade.

Um exemplo disto é o Myrcene.

O mirceno é amplamente reconhecido pelas suas propriedades sedativas, potencialmente ajudando no relaxamento, no sono e na redução da ansiedade. As estirpes com elevado teor de mirceno (>0,5%) tendem a ter efeitos mais calmantes e tranquilizantes, enquanto as que têm concentrações mais baixas (<0.5%) may have more uplifting effect. (22).

Assim, com esta lógica, se estiver à procura de canábis para tomar durante o dia, talvez vá dar um passeio na natureza com alguns amigos e queira adicionar outra camada de pensamento e sentimento à sua aventura. Ficaria longe do Myrcene porque é sedativo e pode fazer com que se sinta um pouco letárgico. Espero que isto faça sentido.

Os diferentes tipos de cheiro de cada planta provêm dos nossos Terpenos.

A canábis contém mais de 150 tipos de terpenos, com mais de 100 terpenos diferentes identificados em várias estirpes (23).

Os terpenos têm vários objectivos importantes:

• Atrair polinizadores e repelir predadores
• Proteger as plantas dos factores de stress ambiental
• Contribuem para o sistema imunitário da planta
• Realça a cor e a pigmentação das folhas e dos botões

Acredita-se que os terpenos funcionam em sinergia com os canabinóides no que é conhecido como "efeito de comitiva". Este fenómeno sugere que a combinação de terpenos e canabinóides pode produzir efeitos mais potentes ou diversos do que os compostos isolados. (24)

O efeito da comitiva. Este é um conceito interessante quando falamos de canábis.

Imagine que tem uma grande caixa de blocos Lego. Cada bloco é fixe por si só, mas quando os junta, pode construir coisas fantásticas que são muito mais emocionantes do que apenas um bloco.

O efeito de comitiva da canábis é mais ou menos assim. A canábis contém muitos químicos naturais diferentes, como o THC, o CBD e os terpenos discutidos. Estes são como os vários blocos de Lego diferentes.

Quando se utiliza apenas uma destas substâncias químicas, por si só, pode ter alguns efeitos no organismo. Mas os cientistas pensam que quando todos estes químicos trabalhar em conjuntoA combinação de substâncias químicas pode criar efeitos mais fortes ou diferentes dos que se obteriam com a utilização de apenas uma substância química

É como se um grupo de amigos (uma comitiva) conseguisse fazer coisas mais divertidas em conjunto do que sozinho. Os químicos da canábis podem trabalhar em equipa para criar efeitos especiais no seu corpo.

Vou escrever um outro artigo sobre este assunto, porque é necessário, mas por agora têm este pequeno resumo.

Limoneno

O limoneno é um hidrocarboneto líquido incolor classificado como um monoterpeno cíclico. É o principal componente do óleo essencial das cascas de citrinos, particularmente abundante nas cascas de laranja. O limoneno encontra-se principalmente nos citrinos (laranjas, limões, limas).

A investigação sugere que o limoneno pode ter: (25)

• Propriedades anti-inflamatórias
• Efeitos antioxidantes
• Potencial anticancerígeno
• Qualidades redutoras de stress

Provavelmente está a pensar "Espera aí, estas coisas também se encontram nas frutas? Vou contar-te um segredo, mas não o espalhes por aí. A canábis é uma planta e uma laranjeira também.....

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LamentoÀs vezes não me consigo controlar, ok.

Mirceno

O mirceno é um dos terpenos mais predominantes da canábis, conhecido pelo seu aroma terroso e almiscarado e pelos seus vários benefícios terapêuticos potenciais. O mirceno encontra-se na canábis, lúpulo, manga, erva-limão, tomilho e manjericão.

A investigação sugere que o Myrcene pode ter: (26)

• Propriedades anti-inflamatórias
• Propriedades sedativas
• Qualidades relaxantes musculares
• Efeitos antioxidantes

O mirceno é amplamente reconhecido pelas suas propriedades sedativas, potencialmente ajudando no relaxamento, no sono e na redução da ansiedade. Domina frequentemente o perfil de terpenos de muitas estirpes. As estirpes com alto teor de mirceno (>0,5%) tendem a ter efeitos mais calmantes e tranquilizantes, enquanto as que têm concentrações mais baixas (<0.5%) may have more uplifting effect. (24)

A sensação de sedação quando se consome canábis, a sensação de "batata de sofá" em alguns casos, está altamente ligada à presença de mirceno na canábis. Por isso, se é isso que procura, procure o teor de mirceno (>0,5%) na sua canábis e, caso contrário? Faça o contrário.

Humuleno

O humuleno é um terpeno natural que se encontra em várias plantas, incluindo a canábis, o lúpulo e a salva. É conhecido pelo seu aroma amadeirado e terroso e contribui para o aroma caraterístico de algumas variedades de canábis e cervejas com lúpulo.

A investigação sugere que o Humulene pode ter qualidades como: (27)

• Anti-tumorais
• Supressor de apetite
• Antibacteriano
• Anti-inflamatório

O humuleno encontra-se no lúpulo, na pimenta preta, no manjericão, no ginseng e na salva. A investigação sugere que o humuleno pode ter várias propriedades benéficas, incluindo ser um anti-inflamatório, analgésico (alívio da dor), antibacteriano e contribuinte para a supressão do apetite.

Flavonóides (Baixo)

Os flavonóides são um grande grupo de compostos naturais que se encontram em plantas, frutos, legumes e ervas (28). Tudo é natural, não é? Estão amplamente distribuídos nas plantas, contribuindo para a coloração das flores e para a filtragem dos raios UV. Além disso, possuem propriedades antioxidantes, ajudando a neutralizar os radicais livres nocivos no corpo. (29)

Na canábis, os flavonóides constituem cerca de 10% dos compostos da planta, com até 3% por peso nas folhas e botões secos (30). Nas variedades dominantes de CBD, os flavonóides estão presentes numa concentração mais elevada. Os flavonóides específicos da canábis desempenham um papel importante nos efeitos terapêuticos da canábis.

Podemos ver isso com a apigenina, que inibe o TNF-alfa, um importante contribuinte para o desenvolvimento da esclerose múltipla e da artrite reumatoide (31). O β-sitosterol, um fitosterol encontrado na canábis, reduziu a inflamação tópica 65% e o edema crónico 41% em modelos de pele. (32)

Mais uma vez, é nos efeitos da comitiva que os flavonóides entram em discussão. Estes trabalham em conjunto com todos os outros compostos para fazer o que a canábis faz.

Uau, foi uma trabalheira escrever sobre isso durante algum tempo. Algumas coisas interessantes que não estão lá.

Se quisermos concluir com um ponto principal, seria o seguinte. O que a canábis faz pelo sistema endocanabinóide humano é semelhante ao que acontece quando tomamos os compostos discutidos no THC e no CBD. Os compostos actuam como os terpenos e os flavonóides quando estão sujeitos a ver quanto tempo consigo manter esta frase sem ter qualquer ponto de vista....

Lamento

Se confiam em mim, para concluir.

Não é apenas o THC que o deixa pedrado ou o CBD que o ajuda em termos médicos. Existem centenas de compostos que funcionam em conjunto no que é conhecido como efeito de comitiva. Cada composto provoca uma determinada reação no organismo e quando consumimos canábis, temos de estar conscientes de que não se trata apenas de THC. Porque é isso que vende. Só vende devido à falta de conhecimento que o público em geral tem sobre este tema. Não é que as pessoas não percebam, a informação é que não está pronta e disponível.

Por isso, se chegaste ao fim deste artigo, espalha a palavra. Misturem-no numa conversa em que possam estar a falar sobre drogas ou canábis em geral. Vamos começar a conversa.

Referências

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